Seis
da manhã. Finalmente descolo a pele pálida dos panos salivados da cama de
solteiro. O colchão velho afundado no meio, uma rede presa e suspensa no
mórbido ócio. Quando dou novamente por mim estou imprensado no corredor abarrotado
do metrô entre a respiração, a digestão, a circulação e o metabolismo dos
outros bovinos. O estatuto da vida atrelado basicamente ao funcionamento
regular das entranhas. Pouco antes do almoço terei o primeiro pensamento do
dia, entre os arrotos vindos do estômago vazio, temperados com o hálito faminto
e alcoólico da ressaca diária, de que não há diferença se homens, mulheres ou aranhas
vindas de Marte estão a nos comandar, são as necessidades de sempre a nos empurrar contra as coisas vivas e mortas.
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