quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Fragmento I


Não é casual o choque diante das chacinas no Brasil – aconteceu no Pará a última a ser publicada -, tal choque é produto de uma imaginação coletiva sobre o que é a sociedade brasileira. Aprendemos a encarar como incidente o assassinato sistemático das minorias, não conseguimos perceber que a integridade do nosso ambiente social depende das chacinas. A esperança de reversão dessa alienação se dá na aproximação dos brasileiros de uma narrativa histórica que deixe de romantizar a violência. Apurações e punições, se acontecerem, estão longe de ser soluções. Enquanto a morte for a lógica do sistema sempre haverá alguém para contratar assassinos. Mas quem padece de verdade são as populações periféricas.


Panegírico de Renato


(Homenagem à Fausto Fanti, que partiu em Julho)

Você! Você! E todos Você!
Renato morreu. Tempos atrás eu e meus amigos repercutíamos e reproduzíamos, dentro da rotina do colégio, os episódios de Hermes e Renato. Ali já parecia uma “puta de uma imaturidade”, a maioria não via a menor graça. Hoje aquele tempo faz mais sentido, percebo que ao rirmos do programa, ríamos da seriedade picareta da televisão brasileira, também da seriedade picareta que estrutura o próprio cotidiano, em suma, ríamos do teatro tragicômico entre os orgulhosos da sua maturidade. A paródia e o escracho de Hermes e Renato conseguiam ser mais reais. Desconfiávamos acertadamente que o mundo é pelo avesso. A estética do tosco continua impressa em nós. E continuamos a rir dos maduros, que continuam engraçados e ridículos.
O vídeo que segue é uma paródia das relações afetivas. Representa os "amigos" indesejados, a manutenção das aparência, o desconhecimento mútuo, as conversas que dizem nada. Em suma, o fardo que é conviver. Foi triste.


S2


O amor é construção sólida, alicerçada em muitas experiências fantásticas e intensas. São instantes de compreensão mútua, pelos quais é fabricada uma atmosfera comum, acrescentado do torpor da comunhão entre corpos em êxtase, veículos de superação das nossas mediocridades, que acrescentam substância ao amor. As declarações românticas excessivas e falsas, evidenciam a fragilidade diante da coerção por relações fantasiosas e instrumentais. Conquistar para iludir, seguir para usar, confiar para destruir, seduzir para descartar. A obrigação de expressar sentimentos socialmente favoráveis é repugnante. Gestor de sentimentos. Nesse sentido, gerir o amor é uma táctica social promissora, nas redes sociais ainda mais, lá “onde” se virtualiza uma realidade carente de efetividade.
O amor é irresistível, salutar, despojado, íntimo e sublime. A todos que eu amo e quase nunca os digo, emano meus delírios, fanatismos, minhas angústias e obsessões, minha entrega e solidariedade, meu sacrifício e minha sinceridade, sobretudo.

Da Associação Paulistana dos Pequenos Burgueses

Queremos que a nossa mediocridade volte a assustar os miseráveis!

A ditadura militar era top, já a ditadura do PT é uma merda. Nela as minorias gozam de privilégios excessivos – é incrível como tem cota pra tudo! -, os direitos mais bizarros chegam a ser debatidos. Mas o quê fode com todos nós, o quê nos impele a um posicionamento político, é o fato que a ralé está menos vulnerável a nossa mediocridade. A ditadura do PT está conseguindo transferir a ralé para o julgo exclusivo do grande capital, está difícil encontrar algum para mantermos cativos nos nossos quartinhos. Foi o tempo em que a burguesia miúda possuía alguma distinção. Já não podemos mais assediar as empregadas e ainda temos que pagá-las. Temos que conviver com gente feia e burra nos Shoppings, Aeroportos e Universidades. É como se fôssemos pobres também, dessa forma nossa burrice fica totalmente exposta. Que ódio! Já nos vemos tocando triângulo na Estação da Luz, bebendo com imigrantes ilegais(quando um dos nossos ofícios, por excelência, é bajular turistas) e morando numa propriedade expropriada por Haddad. Basta! Cadê as forças armadas? Não temos dinheiro que pague paramilitares.

Da Associação Paulistana dos Pequenos Burgueses