Os
eloquentes discursos dos homens de bem
as
pregações estridentes dos homens de deus
e
nós, os tolos, os disponíveis
com
a impotência na cara
O
vermelho das promoções que berram
o
azul dos empréstimos imperdíveis
e
nós, cansados, endividados
com
o hálito de fome
A
fumaça preta do ônibus que assusta
o
vento cinza dos carros climatizados
e
nós, apertados, tuberculosos
com
alergia de gente
O
brilho de uma pistola de prata
o
pisar de um coturno engraxado
e
nós, na parede, medrosos
com raiva da noite
A
goteira salobra na brasilit
o
teu ronco debilitado, cancerígena
e
nós, bêbados, ternos
com
a vida por um triz